Os bastidores das composições de Nei Lopes

Foi lançado em outubro de 2022 um livraço que o Comendador Albuquerque gostaria muito de ter na sua prateleira. É o Academia de Letras, de Nei Lopes.

Conversa com os leitores no lançamento do livro em São Paulo, no Sesc Pompeia (foto de @confas)

Organizado por Marcus Fernando, editado pela Editora Contracorrente e com prefácio de Tárik de Souza, a obra contém mais de 300 composições e a história por trás de cada uma delas. Nei Lopes explica como nasceu cada composição, revela de onde vieram as ideias das letras, das melodias e dos ritmos. São mil detalhes e segredos da ourivesaria de um grande compositor. É uma aula para qualquer jovem que queira ser Nei Lopes quando crescer.

Paulinho Albuquerque foi produtor de discos fundamentais do Nei, como o clássico Negro Mesmo (1983), De Letra e Música (2000) e Celebração (2003), que comemorou os 60 anos do sambista e escritor. Nei gosta de lembrar que Paulinho Albuquerque sempre batalhou contra a separação artificial entre os rótulos “MPB” e “Samba”. Afinal, o samba sempre foi a mais popular das músicas brasileiras.

E aqui neste blog vocês podem ler várias lembranças das aventuras de Nei Lopes com o Comendador Albuquerque. É só botar aí na busca as duas palavras mágicas: “Nei” e “Lopes”. 

Num dos textos do seu Academia de Letras, Nei diz que um dos grandes momentos da sua vida de compositor foi a participação no Projeto Ouro Negro que, em 2001, com discos, DVD e shows, praticamente redescobriu a obra do maestro Moacir Santos, que andava meio esquecida. Os produtores da coisa toda foram os músicos Mario Adnet e Zé Nogueira. E Zé Nogueira teve a feliz ideia de convocar Nei Lopes para criar letras em português para algumas composições de Moacir Santos que tinham sido lançadas nos EUA com letras em inglês. As novas letras foram interpretadas por Gilberto Gil (Maracatu, Nação do Amor), João Bosco (Oduduá), Djavan (Sou Eu), Milton Nascimento (Navegação) e Ed Motta (Orfeu).

E sobre esse episódio também paira a sombra do Comendador Albuquerque…Foi por causa do Paulinho que Zé Nogueira conheceu Nei Lopes, passou a admirá-lo e depois trabalhou ao lado dele em algumas produções.

Nesse texto que relembra o episódio Ouro Negro, Nei Lopes fecha a tampa assim:

“O mais importante disso tudo foi ver, no DVD do projeto, a satisfação do maestro com o meu trabalho, o que teve, para mim, valor equivalente ao da medalha da Legion d’Honneur que ele recebeu do Governo da França e usava na lapela do paletó na única vez em que o vi. Valeu, Maestro!”

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