Esse era um time da Rua Sá Ferreira, com o seguinte nome : Miramar Bola e Bagaço. Esse era seu segundo uniforme, copiando o do Milan. Teve um uniforme antes, em amarelo e preto (cópia do Peñarol) e o último era uma beleza: com camisa branca e gola redonda. O escudo era uma garrafa vermelha e uma bola preta. Foi feito sob encomenda numa loja que tinha na Rua Xavier da Silveira só de esportes, a Superball. Lá se comprava camisa de qualquer time, bolas, shorts, e sungas iguais aos dos guarda-vidas (eram de tecido, quando molhava apertava os bagos). E lá eles aceitavam essas encomendas especiais.
O primeiro nome do time, Miramar, foi inspirado no nome do hotel que fica até hoje na esquina da Sá Ferreira com Av. Atlântica, local onde o pessoal freqüentava a praia. O resto do nome do time vem de sacanagem da turma. Colocaram o nome Miramar para o português dono do hotel patrocinar a compra das camisas. Paulo levou um papo com o português pra descolar o patrocínio. Não me lembro se deu certo, mas deve ter dado, caso contrário teriam mudado o nome.
A foto traz muitas saudades. É no Aterro do Flamengo, para disputar o Torneio de Peladas patrocinado pelo Jornal dos Sports. A concentração era num bar na esquina da Rua Souza Lima com Av. Copacabana, Bar Abadia. O bagaço era de lá. Na foto, não sei se lembro o nome de todos, mas vamos lá…
Em pé:
– O técnico?!… Pode ser um cara que tocava violão pra cacete mas devia ser ruim de bola. O time não tinha técnico.
– Esdras Rubin, hoje morando no RS, em Gramado. Botafoguense.
– Franklin, reside no Rio e atua no ramo financeiro. Flamenguista.
– Luiz Antonio, o Lua. Residia em Brasília até pouco tempo e trabalhava nos Correios. Botafoguense.
– Goleiro: Serginho, não sei por onde anda.
Agachados:
– José Flávio, médico gastro. Reside no Rio.
– José Carlos Peixoto Guimarães, o Zé Pequeno. Advogado, flamenguista roxo. Mora em Brasília.
– Paulinho Albuquerque, na época conhecido como Paulo Roberto. Ou Paulo Vedete (!).
– Ronaldo Pavão, engenheiro. Morava no Rio. Flamenguista.
Paulo sempre foi líder, organizava as batucadas, os pagodes da época. A turma tinha todos os instrumentos, adquiridos com doações e vaquinhas. Nossa casa era o almoxarifado dos instrumentos. E o pessoal da rua formou esse time, o glorioso Miramar Bola e Bagaço.
O time participou de vários amistosos em subúrbios do Rio, além de disputar o famoso campeonato de pelada do Aterro do Flamengo. Não tinha roupeiro, até o dia em que Paulo, numa saída para um jogo em Bangu, ao colocar os sacos de uniformes numa Kombi, se deparou com um rapaz, feio de doer, que quis ajudar.
O rapaz estava sujo, descalço e Paulo, querendo ajudar, e sacanear ao mesmo tempo, deu uma “chance” para o desdentado:
– Você vai ser nosso roupeiro, ô Alain Delon…
E ficou para sempre o apelido de uma das maiores figuras do Posto Seis e da Rua Sá Ferreira : Silvério, o famoso Alain Delon.