Beto Silva

Era este o cartaz do primeiro show no Jazzmania...
Era o ano de 1988 e nós do Casseta & Planeta tínhamos acabado de ser contratados pela Globo pra ser roteiristas do TV Pirata. Quer dizer, ainda não era Casseta & Planeta. Tinha a Casseta Popular (eu, Bussunda, Helio, Claudio Manoel e Marcelo) e tinha o Planeta Diário (Reinaldo e Hubert)
Estávamos animados, lá na sede da Casseta Popular, escrevendo os quadros do programa, quando chegou uma notícia:
– Ligou um cara aí que tá fazendo a programação musical do Jazzmania e quer que a Casseta faça um show.
– Quem? Nós?
– É , nós da Casseta , junto com o pessoal do Planeta Diário.
– Mas fazer o quê? Jazzmania não é jazz? Esse cara quer que a gente toque jazz?
– Sei lá! A gente não toca porra nenhuma nem canta! Será que ele sabe quem somos nós?
– E alguém aí conhece esse cara?
Bom, acabamos descobrindo que “esse cara” era o Paulinho Albuquerque, um produtor musical de gente bacana, Djavan, Ivan Lins e outros. E “esse cara” conhecia a gente sim, e era fã da revista e do jornal. Acabamos topando, naquela época a gente topava qualquer negócio. Nós não sabíamos muito bem o que fazer num palco, mas o Paulinho Albuquerque sabia que a gente podia fazer um show bem legal. Ele viu o que a gente não viu .
Então nos reunimos com a galera do Planeta e, como o tal do Jazzmania era uma casa de shows musicais, concluímos que tínhamos que fazer algumas músicas. Então chamamos um amigo músico, o Mu Chebabi, que arregimentou uma banda. E começamos a compor: daí saíram clássicos como Mãe é Mãe, Tô Tristão, Nietzche, entre outras. Bolamos também uns esquetes, a “Piada em Debate” saiu nessa época. O Paulinho assistia aos ensaios, rindo, se divertindo e dando palpites, que a gente gostava. O Paulinho acabou virando diretor daquele show. E o show foi um sucesso.
O cara não sacava só de música, era um especialista em humor. Me lembro de quase babar ao ver a coleção completa de vídeos do Monty Phyton que ele tinha em casa. A gente conhecia os filmes, mas o programa de TV dos caras ninguém tinha, só o Paulinho. E naquela época não tinha Amazon não! Ele comprava tudo quando viajava pros States. E foi daquela coleção montyphytiana que saíram os vídeos que passavam no intervalo do nosso show do Jazzmania. John Cleese fazendo silly walk era uma raridade no Brasil, mas o Paulinho conhecia!
Daquele convite do Paulinho surgiram várias coisas. Primeiro, a ligação do Casseta Popular com o Planeta Diário, que por conta disso acabaria se transformando no Casseta & Planeta. Pois é, foi o Paulinho que nos juntou. Segundo, a carreira musical do grupo, que acabou resultando em vários discos (“Preto com um buraco no meio”, “Pra comer alguém” e “The Bost Of” ) e shows (“Eu vou tirar você desse lugar” , “ A noite dos Leopoldos”) e o Paulinho dirigiu e produziu isso tudo. E o mais importante: daquele convite surgiu a amizade com “esse cara”, o comendador Albuquerque!